Não faremos deste espaço uma prisão ao tempo cronológico. “Se matamos o tempo, e ele nos enterra” como afirma o protagonista-narrador-personagem-defundo Brás Cubas, em suas Memórias Póstumas, antecipemo-nos: vamos dar um pontapé na cronologia e destacar episódios que nos fazem conhecer um pouco mais de Pagu.
No mesmo ano em que é retratada por Di Cavalcanti, 1946, Pagu intensifica sua produção literária. Produz a Antologia da Literatura estrangeira, na qual mostra seus trabalhos de tradução.
Além disso, ao lado de Geraldo Ferraz comanda o Suplemento Literário do jornal Diário de São Paulo, no qual escreve crônicas para a coluna “Cor Local”.
Em suas crônicas, podemos notar a mudança da situação dos escritores no Brasil, pois acabavam de sair de um momento da censura imposta pela Era Vergas para as imposições de mercado feitas aos escritores:
“Agora tenho que pensar: realmente, nos anos do Estado Novo, era comum a justificativa: “Não posso escrever sem liberdade”. Hoje o “slogan” é outro: preciso ganhar para viver”. Mas, na realidade, só excepcionalmente vive um escritor aqui, de literatura. Uns tem negócios, outros um emprego”
(Cor Local, 24 de novembro de 1946).